sábado, 17 de janeiro de 2015

Os autos das nossas compadecidas - Boas vindas para 2015

  A nova reforma ortográfica compadeceu e juntou nossos autos, mas muita gente não percebeu. Autoestima, autoconfiança, autossuficiência, autonomia, a lista é pequena e repleta de sinônimos, mas muita gente ainda não percebeu. Gertrude, com traços nem um pouco femininos, marcou a história das mulheres, mas você não sabia disso. Ederle está na lista das pioneiras, assim como outras cujo sobrenome sempre vem seguido de vírgula e "a primeira mulher a", você é uma delas, mas adivinha... Ainda não sabe.
  Aprendemos a apoiar nossos corpos sobre os pés muito cedo, cambaleando e caindo o tempo todo, só que os anos passam e os tombos que doem mais são aqueles provocados pela nossa mente, cada vez mais pesada. O que torna Gertrude Ederle, Sarla Thakral e Iris Van Herpen, mulheres autênticas, não é a diferença de suas façanhas, de seu tempo de vida ou a distância de seus países de origem e sim a tal cara de pau de pensar "por que não?". Que o mundo é feito de perguntas, isso todo mundo sabe, mas e quanto às simples respostas? Um "sim", desarma uma bomba ou acaba com uma nação, assim como um "não".
  Somos tão frágeis, corpinhos tão insignificantes em comparação ao resto do universo... Ao mesmo tempo tão importantes para a continuação do ciclo da vida, para o desenvolvimento de tantas raças, para quem nos ama, simplesmente. Sol dá câncer, celular causa câncer, sexo causa câncer, e a gente morre de medo de morrer. Na ficção, heróis como Indiana Jones e Jack Sparrow, corajosos homens que não têm medo de cobras, de armas ou mesmo de câncer, são abalados pelo sex appeal de uma mulher e colecionam cicatrizes de suas aventuras, vivendo intensamente para a ironia mais ridícula: encontrar a fonte da juventude. Os nossos heróis têm amor por viver ou medo de morrer, afinal?
  Não sei quanto a vocês, mas as minhas heroínas são aquelas que morreram para a continuação de algo, as que fizeram questão de ser exemplo para a humanidade, passando vergonha e quebrando a cara. Qualquer mulher (ou homem) pode entrar para alguma lista de "a primeira a", inclusive você, Maria, Yasmin, Letícia, Bárbara, Ana, seja lá quem for, mais um ano começou e as listas de 2015 ainda estão vazias, ainda dá pra marcar o ano ou a sua própria história, a única dica que lhes dou para alcançar alguma excelência é: ignore as censuras da vida, desenvolva a sua cara de pau. Está na hora de fazer aviãozinho de papel com as receitas do médico, de queimar lembranças ruins, de botar o corpo e a mente pra funcionar, está na hora de entrar pra história.

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